20 de jun. de 2011


Oxumaré
“O Arco-Íris Sagrado”

O DEUS DA MUDANÇA DAS ÁGUAS
 

Existe uma simbologia maravilhosa em torno deste Orixá. Oxumaré é consciderado como o próprio arco-íris, ou a serpente do arco-íris, cuja função é a de dirigir as forças que produzem movimento, ação e transformação. Por ser bissexual (andrógino), tem uma natureza dupla; representando a renovação e a substituição. A dualidade de Oxumaré faz com que ele carregue todos os opostos e antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo. Como arco-íris, Oxumaré tem o dom de regular a chuva, pois enquanto ele brilha no céu, não há chuva na terra. No arco-íris a parte masculina é representada pelo vermelho e a feminina pelo azul. Alguns historiadores contam que Oxumaré  era empregado de Xangô e que tinha como função transportar a água caída na terra durante as chuvas e leva-las de volta ao reino de Oxalá no orum (céu). Outros afirmam ter ele sido um grande feiticeiro-adivinho de sua comunidade e a ele também é dado o cargo de guardião dos segredos das cores (um cromoterapeuta de sua época).
 SERPENTES ENLAÇADAS 
Durante seis meses ele assume a forma masculina, representando o arco-íris, e nos outros seis meses, Oxumaré assume a forma feminina e nessa fase, seria uma cobra que vez ou outra se transforma em uma linda deusa  de rara beleza, nessa forma ele simboliza a riqueza e a fortuna. Diz a lenda que no fim do arco-íris há um pote enterrado cheio de pepitas de ouro. Portanto Oxumaré é a representação desse magnetismo sagrado.
A ele é atribuído o alongamento do cordão umbilical do recém-nascido que é enterrado em baixo de uma palmeira que mostrará  com o tempo o desenvolvimento desta criança e - por que não dizer - ele também toma conta do cordão de prata que liga o homem a Deus. No Brasil, seus iniciados usam o brajá, um longo colar de búzios trabalhados de maneira a parecerem as escamas de uma serpente. Durante sua dança, o iaô aponta os dedos para cima e para baixo, alternadamente, indicando os poderes do céu e da terra. Em algumas regiões ele é cultuado como o Deus da riqueza, simbolizado por uma grande cunha entre seus apetrechos de culto.

OXUMARÉ - ("aquele que se desloca com a chuva e retém o fogo nos seus punhos").

Pierre Fatumbi Verger afirma que o lugar de origem do Orixá Oxumaré seria Mali, ex-Daomé - terra da serpente Dã. Essa identificação de Oxumaré com Dã Aido Wedo, a serpente do arco-íris, não aconteceu por acaso, pois ele irradia as sete cores que caracterizam as sete irradiações divinas, ou seja, os sete sentidos da vida:  fé, amor, conhecimento, justiça, ordem, evolução e geração. Uma das funções de Oxumaré é de sustentar a Terra e impedi-la de se desintegrar. Sob sua influência tudo acontece rapidamente, ele traz crescimento e longa vida. A atividade o agrada, por isso é o Orixá do movimento, das ações e da transformação contínua.

SÃO BARTOLOMEU
SINCRETISMO CATÓLICO  
Oxumaré está sincretizado com São Bartolomeu e sua festividade é no dia 24 de Agosto. Em alguns lugares ele está associado ao Santo São Brás.
Dia da semana: terça-feira
Cores: amarela (renovação) e verde (transformação), também usa tom esverdeado rajado de preto. Mas o que marca sua história são as cores azul e vermelho.
Elemento: Terra
Instrumento: Serpente
Saudação: Arruboboi! 
 (gbogbo,"contínuo")


OUROBORUS
Oxumaré  também é representado por uma serpente enroscada que morde a própria cauda. Essa é a serpente Ouroborus, que "significa" o 'Uno e o Todo', o encerramento global da matéria fechada sobre si mesma, a realização completa dos ciclos de crescimento e de totalização,  mas também do eterno retorno do cosmos. Se acaso esse movimento acabar, a vida também acaba; essa é a importância do movimento do Orixá Oxumaré.

KUNDALINI
A Kundalini é a serpente adormecida em nós, ela pode ser despertada, pouco a pouco, com a aplicação do autoconhecimento e do auto-equilíbrio. É o despertar dos dons, até acender a chama de nossa coroa espiritual, o nosso arco-íris. Oxumaré atua sobre o emocional dos seres. As emoções são geradas na área sensorial do cérebro, que está ligado em sua base à medula espinal, que além de ser o centro das ações reflexas, é a principal via de comunicação entre o cérebro e o corpo. Então podemos dizer que Oxumaré rege o Sistema Nervoso que pode ser dividido, em Sistema Nervoso Central, Sistema Nervoso Autônomo e Sistema Nervoso Periférico. Essas são as nossas "serpentes físicas".

"DÃ" - A SERPENTE  SAGRADA
O culto a serpente se intensificou no antigo Daomé, na África ocidental e lá, Dã, a serpente sagrada, transformou-se no maior símbolo religioso do povo da região. Os Yorubás chamaram essa mesma divindade de Oxumaré ou a Cobra Arco-Íris.

O MITO - O FEITICEIRO DE DAOMÉ

Oxumaré era  o feiticeiro de Daomé. Ele tinha como consulente o rei Olofin (rei de Ifé) que o explorava muito, consultando-o quase todos os dias, mas não lhe pagava nada pelos seus serviços. Oxumaré vivia em plena miséria, até que um dia Olokun, rainha de um reino vizinho mandou busca-lo, pois precisava de seus préstimos para tratar de seu filho, o príncipe, que tinha sido acometido por um mal estranho, passava por crises fortes e mal parava de pé. As vezes rolava por cima das brasas ardentes das fogueiras e fogareiros. O grande feiticeiro Oxumaré fez suas magias e curou o menino, a rainha o encheu de presentes. O Deus-serpente voltou para  Ifé diferente de como tinha ido vestido em trapos, voltou com riquíssima fazenda azul. Olofin, ao ver seu babalaô preferido tão ricamente vestido, arrependeu-se por ter sido tão mesquinho com ele no passado, e o cumulou de presentes e o vestiu com uma linda fazenda vermelha. Assim, Oxumaré - que vivia na miséria -, tornou-se rico. Olodumaré, o Deus supremo, sofria de um mal nas vistas, e também mandou chama-lo. Oxumaré foi até ele e o curou. Oludumaré ficou tão agradecido que não quis mais se separar dele. Desde então Oxumaré reside no céu e só de tempos em tempos tem permissão para pisar na terra. Quando este Deus vem ao encontro de seus filhos, os homens têm condições de ficar ricos, materialmente e espiritualmente.

LOCAL DE DOMÍNIO - O ARCO-ÍRIS


AS VARIAÇÕES DE OXUMARÉ

Corresponde ao nome  Jeje de Oxumaré, é a cobra que participou da criação. É uma qualidade benéfica, ligada à chuva, à fertilidade e à abundância; gosta de ovos e de azeite de dendê. Como tipo humano, é generoso e até esbanjador.

Dangbé É um Oxumaré mais velho que seria o pai de Dã;  o que governa os movimentos dos astros.  Menos agitado que Dã,  possui uma grande intuição e pode ser um adivinho esperto.

Becém Dono do terreiro do Bogun, veste-se de branco e leva uma espada. Becém é um nobre e generoso guerreiro, um tipo ambicioso, combativo de Oxumaré, menos afectado e menos superficial que Dã.  Aido Wedo,  também é uma qualidade de Oxumaré conhecida no Bogun.

Azaunodor É o príncipe de branco que reside no Baobá, relacionado com os antepassados; come frutas e “leva tudo de dois”.

Frekuen É o lado feminino de Oxumaré, representado pela Serpente mais venenosa. O lado masculino de Oxumaré é geralmente representado pelo Arco-Íris.

ARQUÉTIPOS DOS FILHOS DE OXUMARÉ
Os filhos de Oxumaré são enigmáticos, supersticiosos e místicos. Dificilmente se identifica com grupos religiosos convencionais. A onda hippie se encaixa perfeitamente com Oxumaré. Decididos, rompem com o passado, mesmo que sofram com isso. De tempos em tempos, mudam por completo seu universo. Os filhos do Deus-serpente são instáveis, inconstantes, pois tem a necessidade de movimentar tudo em seu cotidiano. Necessitam renovar, mudar e traçar novas diretrizes. Possuem um certo brilho no olhar e é raro os filhos de Oxumaré que não tenham o dom da vidência. Oxumaré dá dupla sexualidade a seus filhos, por isso eles quase nunca tem características só femininas ou só masculinas, tendência a homossexualidade. Desconfiados e não dão oportunidade de serem enganados por ninguém. Tranqüilo por natureza, surpreende quando se comporta de forma inovadora e excêntrica. Alguns deles manifestam sua aversão às convenções usando roupas estranhas. São muito elegantes e procuram manter atitudes com muito requinte. Adoram jóias caras e autênticas. São também cobiçosos, exigentes, apaixonados, prudentes, astutos e possessivos. Leva uma vida perigosa que o excita e os mistérios o  intrigam. Os filhos desse Orixá tem sempre um aprendizado "cármico".
"Salve o Orixá da riqueza"