20 de nov. de 2012

Ifá
(“Orumilá”)
“O Deus da Revelação"

Orumilá é o senhor dos destinos, é quem rege  o plano onírico (sonhos), é aquele que tudo sabe e tudo vê em todos os mundos que estão sob a tutela de Olorum, ele sabe tudo sobre o passado, o presente e o futuro de todos habitantes da Terra e do Céu, é o regente responsável e detentor dos oráculos, foi quem acompanhou Odudua na criação e fundação de Ilé Ìfé, é normalmente chamado em suas preces de: Elérí Ìpín  "O testemunho de Deus''.
Acredita-se que Olorum passou e confiou de maneira especial toda a sabedoria e conhecimento possível, imaginável e existente entre todos os mundos habitados e não habitados à Orumilá, fazendo com que desta forma Orumilá tornasse seu representante em qualquer lugar que estivesse. Seu culto já está quase extinto no Brasil e mesmo na África. Torna-se difícil falar de uma divindade cujo culto é pouco divulgado em Templos ou casas de culto. O antigo e verdadeiro sacerdote de Ifá é aquele que sabe o axé poderoso deste jogo e que em sua roça do culto aos Orixás, tinha o entendimento da ciência que se encerra dentro das dezesseis nozes de palma ofertadas a Orumilá e que compreenda perfeitamente a linguagem de suas caídas e o próprio segredo existente dentro delas através de Oxalá e do lado de fora por Elegbará que é o guardião dos segredos cósmicos de todas divindades africanas. Também foi destinado a Ifá o jogo com os caurís (búzios), em que Exu e Oxum  possuem o conhecimento do oráculo. 
Como surgiu o jogo de Ifá? Como prova de sua indispensabilidade é importante mencionar que, quando Orumilá foi enfurecido por um de seus filhos, deixou a terra e foi para o céu. Com a ausência de Orumilá na Terra, surgiram grandes problemas, a ordem natural de todas as coisas e atividades inverteram-se, quando então, todas as pessoas reclamavam e buscavam alternativas para a paz e normalidade.
ÔPÕN

BANDEJA DE MADEIRA DE ÌRÓKÒ, TRABALHADA. A ESCULTURA
NA PARTE LATERAL DA BORDA DO ÔPÕN, LADO MAIS ESTILIZADO, IDENTIFICANDO O LADO DE EXU
Um sacerdote que faz adivinhação através das nozes de palmas ou mesmo certas favas, é só uma questão de pesquisar profundamente o histórico e antigos sacerdotes que possam ensinar os mistérios do Ifá. A prática deste jogo, só pode ser feita por homens.

Também Orumilá fala e representa de maneira completa e geral todos os Orixás, auxiliando pôr exemplo, um consulente no que ele deve fazer para agradar ou satisfazer um determinado Orixá, obtendo desta forma um resultado satisfatório para o Orixá e para o consulente.
Orumilá sabe e conhece o destino de todos os homens e de tudo o que têm vida em nosso mundo, pois ele está presente no ato da criação do homem e sua vinda a terra, e é neste exato instante que Ifá determina os destinos e os caminhos a serem cumpridos pôr aquele determinado espírito.
É pôr isso que Orumilá tem as respostas para toda e qualquer pergunta que lhe é feita, e que ele têm a solução para todo e qualquer problema que lhe é apresentado, e é pôr esta razão que ele têm o remédio para todas as doenças que lhe forem apresentadas, pôr mais impossível que pareça ser a sua cura.

OPELÊ IFÁ
Ainda vale ressaltar que somente Orumilá e Exú possuem para si um culto individual, onde são feitos adorações totalmente específicas para os mesmos, também são eles os únicos que podem possuir somente em seu culto um sacerdote específico.
Pois como o Camdomblé é uma das culturas mais antigas existentes, necessita-se iniciar-se dentro do universo dos deuses africanos, cumprir com todas as obrigações exigidas dentro da iniciação, estudar e pesquisar com muito afinco, e mesmo assim passará a vida toda buscando por antigos preceitos e axé dos deuses Yorubás.
A beleza escultural e a riqueza é símbolo da natureza e poder de Orumilá.




O MITO - O PRIVILÉGIO DE EXU

Quando Obatalá veio para a Terra trazendo os deuses Yorubás, Exu era tido como o guardião da adivinhação, fazia revelações através da mente e inteligência de Orumilá, sendo então o porta-voz do deus da profecia. Exu - sempre muito esperto - fez um pacto com Ifá e pediu a Orumilá que transmitisse a ele o dom e o poder de profetizar sobre a vida dos homens e dos deuses. Como Exu não trabalha de graça - cobrou-lhe favores e certos privilégios. Exu exigiu que em qualquer instância as oferendas teriam que ser servidas primeiro para ele, tudo seria feito antes dos outros deuses.Oxum, que acompanhava o pacto  de Ifá com Exu e também ser companheira de Ifá, questionava-se. Tantas pessoas a consultavam e ela não podia prever, pois não detinha o conhecimento do jogo da adivinhação. Oxum com toda sua diplomacia, queixou-se a Exu, alegando que queria ajudar as pessoas mas não podia, pois não tinha o poder de jogar. Exu então, falou com Orumilá e este permitiu o jogo de dezesseis búzios a Oxum, só que com a condição de Exu responder as perguntas dela dentro do jogo. Exu teve que exercer sua antiga função, cargo este que Exu não mais queria exercer. É por isso que os filhos de Oxum não podem descuidar das obrigações de Exu. 

SINCRETISMO CATÓLICO
  ESPÍRITO SANTO
Orumilá - Ifá é sincretizado como Divino Espírito Santo, seu culto é aos Domingos, sua cor é branca. Quando se rende homenagem a Ifá, rende-se também a Exu na mesma igualdade.
Orumilá é conhecido por deuses e humanos como ÀMONIO MÓTAN (sábio). É o instruído, organizador da sabedoria e do conhecimento. AFÈDÈFÈYO (comunica em níveis universais e individuais) porque ele fala e entende todas as línguas.

"Salve o Grande Sábio"

7 de ago. de 2011

Ossãe
“O Senhor da Folhas”

O ALQUIMISTA DAS PLANTAS


Ossãe é um Orixá masculino de origem nagô (iorubá) que, como Oxóssi, habita a floresta. Sua principal ligação é com as folhas e todos os tipos de vegetais. Ele conserva o segredo da cura através das plantas, seja de forma mágica ou medicinal. É o protetor das plantas,  e tem um mistério em torno de si; é reservado e transmite somente para seus iniciados toda a magia de sua medicina. Existem dúvidas sobre o sexo deste Orixá - uns afirmam que ele é andrógino, outros dizem que não, que ele é masculino, outros dizem que é feminino. Sua vida é estudar as ervas, as folhas e suas alquimias estranhas, mas necessárias ao ser humano. Dizem que Ossãe tem uma perna só e que gosta de se esconder nos bambuzais. Não pode ser visto, pois apresenta-se coberto de folhas, que ocultam o seu rosto. Ele porta uma cabaça, que contém os remédios que prepara. Seu instrumento é uma haste metálica de sete pontas, com um pombo no centro. Nada no ritual dos Orixás pode ser feito sem o auxílio de Ossãe, que é o detentor do axé (força, poder, mistério das folhas sagradas). Ossãe é o médico da natureza,  o pai da Homeopatia e exige respeito em seus domínios. O forte sumo verde escuro extraído das ervas,  é considerado o sangue das folhas. Ele vive na floresta, sozinho; é ligado aos pássaros e à preservação da natureza. Os sacerdotes invocam por Ossãe na hora da colheita das ervas cultivadas, pois é dele a capacidade de transmitir os poderes às plantas medicinais, que sem sua magia são apenas plantas comuns. Para entrar na floresta e recolher as plantas e folhas para o culto, o iniciado deve observar algumas proibições, como: sexo e bebida alcoólica. Deve também deixar uma clareira de oferendas que agradam o Orixá, como mel, moedas e fumo.
Sua dança mítica está relacionada a procura das folhas num ritmo rápido, alegre e saltitante. Ossãe zela pela saúde e pela religião; sua presença é indispensável à realização de qualquer festa ou cerimonia.
Do mesmo modo como no oráculo de Ifá, os signos geomânticos (ODU) são organizados dentro de um sistema classificatório; no culto a Ossãe, os vegetais, também, estão inseridos nesse sistema.

"Kosi ewé kosi òrisà" ou "sem folha não há Orixá. A afirmação é do povo do santo. Mas porquê?  O culto aos Orixás, 'donos das cabeças' de milhões de africanos que vieram para o Brasil como escravos, diviniza a natureza. Um grande desafio à sobrevivência das etnias que foram trazidas e escravizadas,  foi dominar o conhecimento de um universo botânico vasto e ignorado, para que sobrevivessem com seus deuses. 
Os jejês-nagôs criaram sua própria classificação do patrimônio genético brasileiro; para cientistas, esse processo se deu por analogias com a botânica africana. 
Nas casas de culto, o apanhador de ervas tem o nome de "mão de Ofá". Ossãin irá guia-lo  na floresta, indicando qual a planta adequada e onde ela está. Ele  tem o conhecimento das luas e dos horários para a colheita das ervas, o que é essencial para se obter o resultado desejado. A folha é chamada de "ewê" e o mato é chamado de "macaia".
Os povos jejê-nagô adotaram a relação cosmológica folha/orixá como base classificadora. As folhas passaram a ser divididas em folhas de ar ou vento, ewé afééfé; folhas de fogo, ewé inón; folhas da água, ewé omi, e as folhas da terra ou floresta, ewé ilé ou igbó. Esses elementos estão relacionados aos deuses: Exu e Xangô, por exemplo pertence ao Fogo, enquanto Ogum, Oxóssi, Ossãe, e Obaluaê, à Terra. Já Iemanjá, Oxum, Obá, Nanã e Yewá são elemento Água. Oxalá e Iansã (Oyá) pertence ao elemento Ar.
No sistema de classificação dos vegetais, a condição para que uma folha seja masculina ou feminina é o seu formato, pois na concepção jejê-nagô, a forma fálica (alongada) caracteriza o elemento masculino, em contrapartida, a forma uterina (arredondada) determina o elemento feminino.


SÃO BENEDITO
SINCRETISMO CATÓLICO
Ossãe está sincretizado com São Benedito e sua festividade é no dia 5 de Outubro.
Dia da semana: Terça-feira/quinta-feira
Cores: verde (transformação, matas) e branco (paz, medicina)
Elemento:  Terra
Instrumento: Haste de sete pontas, com um pombo no centro.
Saudação: Eu, eu assá!( "Luz Divina")
Ossãe está presente no grito dos Ecologistas, na menor das folhas, na maior das árvores, nos cheiros, nas essências e nos florais. Quanto mais densa é a mata mais se faz notar sua presença.







LOCAL DE DOMÍNIO - FLORESTAS VIRGENS 
O MITO - AS FOLHAS SAGRADAS
Ossãe recebeu os segredos das folhas. Sendo o dono exclusivo da liturgia das folhas, ele mantinha o segredo sobre elas e não ensinava nada a ninguém. Xangô, não conformado com o conhecimento de Ossãe, queixou-se a Iansã, de que era injusto somente Ossãe ser o detentor desse poder, e que os outros deuses não possuíam esse axé tão poderoso. Enfurecida ela levantou sua saia e anáguas agitou-as fortemente. O vento, elemento que Iansã domina, formou-se violentamente em direção onde Ossãe guardava seus segredos. Ele mantinha pendurado em uma árvore uma cabaça repleta de folhas, que caiu e espatifou-se ao chão. Ossãin não teve tempo para recolhê-las, só conseguiu exclamar tristemente "Ewé O! Ewé O!" (Oh! as folhas! Oh! as folhas!), mas não conseguiu impedir que Xangô, Iansã e outros deuses do panteão repartissem entre si as folhas de Ossãe. Mas fica aqui registrado que eles ficaram com as folhas, mas os segredos  ainda pertencem a Ossãe, que ao ser chamado nos rituais litúrgicos ensina como lidar com as folhas sagradas.


ARQUÉTIPO DOS FILHOS DE OSSÃE
Os filhos de Ossãe apresentam um temperamento pacífico, são orgulhosos, bem humorados, alegres, humildes, de natureza tímida e calma. Não gostam de pedir ajuda aos outros e nunca se envolve com más companhias. Ele é interessado pela limpeza e pela ordem, armazena dados e analisa as situações. Embora seja inclinado a se preocupar com a sobrevivência dos animais, a flora e a natureza em si, fará tudo o que puder para conscientizar as pessoas sobre a vida na terra. É um verdadeiro preservador da vida e seu lema é:"harmonizar e trazer paz para o mundo". São práticos e objetivos em seus intuitos. Adora se envolver em pesquisas, é bastante crítico e detalhista. Um pouco retraídos, amáveis, de sentimentos delicados e justos. Dotado de sorte e positivismo e jovialidade, encoraja as pessoas a se interessarem por seus ideais. Apresenta forte tendência a desprender-se da família desde cedo.
A independência do pensamento do filho de Ossãin está ligada a uma atitude reservada e fria, baseada numa lógica toda pessoal. A intolerância, o egoísmo e o preconceito são os resultados negativos desse excesso de racionalismo.
" Salve o grande médico dos Orixás".

20 de jun. de 2011


Oxumaré
“O Arco-Íris Sagrado”

O DEUS DA MUDANÇA DAS ÁGUAS
 

Existe uma simbologia maravilhosa em torno deste Orixá. Oxumaré é consciderado como o próprio arco-íris, ou a serpente do arco-íris, cuja função é a de dirigir as forças que produzem movimento, ação e transformação. Por ser bissexual (andrógino), tem uma natureza dupla; representando a renovação e a substituição. A dualidade de Oxumaré faz com que ele carregue todos os opostos e antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo. Como arco-íris, Oxumaré tem o dom de regular a chuva, pois enquanto ele brilha no céu, não há chuva na terra. No arco-íris a parte masculina é representada pelo vermelho e a feminina pelo azul. Alguns historiadores contam que Oxumaré  era empregado de Xangô e que tinha como função transportar a água caída na terra durante as chuvas e leva-las de volta ao reino de Oxalá no orum (céu). Outros afirmam ter ele sido um grande feiticeiro-adivinho de sua comunidade e a ele também é dado o cargo de guardião dos segredos das cores (um cromoterapeuta de sua época).
 SERPENTES ENLAÇADAS 
Durante seis meses ele assume a forma masculina, representando o arco-íris, e nos outros seis meses, Oxumaré assume a forma feminina e nessa fase, seria uma cobra que vez ou outra se transforma em uma linda deusa  de rara beleza, nessa forma ele simboliza a riqueza e a fortuna. Diz a lenda que no fim do arco-íris há um pote enterrado cheio de pepitas de ouro. Portanto Oxumaré é a representação desse magnetismo sagrado.
A ele é atribuído o alongamento do cordão umbilical do recém-nascido que é enterrado em baixo de uma palmeira que mostrará  com o tempo o desenvolvimento desta criança e - por que não dizer - ele também toma conta do cordão de prata que liga o homem a Deus. No Brasil, seus iniciados usam o brajá, um longo colar de búzios trabalhados de maneira a parecerem as escamas de uma serpente. Durante sua dança, o iaô aponta os dedos para cima e para baixo, alternadamente, indicando os poderes do céu e da terra. Em algumas regiões ele é cultuado como o Deus da riqueza, simbolizado por uma grande cunha entre seus apetrechos de culto.

OXUMARÉ - ("aquele que se desloca com a chuva e retém o fogo nos seus punhos").

Pierre Fatumbi Verger afirma que o lugar de origem do Orixá Oxumaré seria Mali, ex-Daomé - terra da serpente Dã. Essa identificação de Oxumaré com Dã Aido Wedo, a serpente do arco-íris, não aconteceu por acaso, pois ele irradia as sete cores que caracterizam as sete irradiações divinas, ou seja, os sete sentidos da vida:  fé, amor, conhecimento, justiça, ordem, evolução e geração. Uma das funções de Oxumaré é de sustentar a Terra e impedi-la de se desintegrar. Sob sua influência tudo acontece rapidamente, ele traz crescimento e longa vida. A atividade o agrada, por isso é o Orixá do movimento, das ações e da transformação contínua.

SÃO BARTOLOMEU
SINCRETISMO CATÓLICO  
Oxumaré está sincretizado com São Bartolomeu e sua festividade é no dia 24 de Agosto. Em alguns lugares ele está associado ao Santo São Brás.
Dia da semana: terça-feira
Cores: amarela (renovação) e verde (transformação), também usa tom esverdeado rajado de preto. Mas o que marca sua história são as cores azul e vermelho.
Elemento: Terra
Instrumento: Serpente
Saudação: Arruboboi! 
 (gbogbo,"contínuo")


OUROBORUS
Oxumaré  também é representado por uma serpente enroscada que morde a própria cauda. Essa é a serpente Ouroborus, que "significa" o 'Uno e o Todo', o encerramento global da matéria fechada sobre si mesma, a realização completa dos ciclos de crescimento e de totalização,  mas também do eterno retorno do cosmos. Se acaso esse movimento acabar, a vida também acaba; essa é a importância do movimento do Orixá Oxumaré.

KUNDALINI
A Kundalini é a serpente adormecida em nós, ela pode ser despertada, pouco a pouco, com a aplicação do autoconhecimento e do auto-equilíbrio. É o despertar dos dons, até acender a chama de nossa coroa espiritual, o nosso arco-íris. Oxumaré atua sobre o emocional dos seres. As emoções são geradas na área sensorial do cérebro, que está ligado em sua base à medula espinal, que além de ser o centro das ações reflexas, é a principal via de comunicação entre o cérebro e o corpo. Então podemos dizer que Oxumaré rege o Sistema Nervoso que pode ser dividido, em Sistema Nervoso Central, Sistema Nervoso Autônomo e Sistema Nervoso Periférico. Essas são as nossas "serpentes físicas".

"DÃ" - A SERPENTE  SAGRADA
O culto a serpente se intensificou no antigo Daomé, na África ocidental e lá, Dã, a serpente sagrada, transformou-se no maior símbolo religioso do povo da região. Os Yorubás chamaram essa mesma divindade de Oxumaré ou a Cobra Arco-Íris.

O MITO - O FEITICEIRO DE DAOMÉ

Oxumaré era  o feiticeiro de Daomé. Ele tinha como consulente o rei Olofin (rei de Ifé) que o explorava muito, consultando-o quase todos os dias, mas não lhe pagava nada pelos seus serviços. Oxumaré vivia em plena miséria, até que um dia Olokun, rainha de um reino vizinho mandou busca-lo, pois precisava de seus préstimos para tratar de seu filho, o príncipe, que tinha sido acometido por um mal estranho, passava por crises fortes e mal parava de pé. As vezes rolava por cima das brasas ardentes das fogueiras e fogareiros. O grande feiticeiro Oxumaré fez suas magias e curou o menino, a rainha o encheu de presentes. O Deus-serpente voltou para  Ifé diferente de como tinha ido vestido em trapos, voltou com riquíssima fazenda azul. Olofin, ao ver seu babalaô preferido tão ricamente vestido, arrependeu-se por ter sido tão mesquinho com ele no passado, e o cumulou de presentes e o vestiu com uma linda fazenda vermelha. Assim, Oxumaré - que vivia na miséria -, tornou-se rico. Olodumaré, o Deus supremo, sofria de um mal nas vistas, e também mandou chama-lo. Oxumaré foi até ele e o curou. Oludumaré ficou tão agradecido que não quis mais se separar dele. Desde então Oxumaré reside no céu e só de tempos em tempos tem permissão para pisar na terra. Quando este Deus vem ao encontro de seus filhos, os homens têm condições de ficar ricos, materialmente e espiritualmente.

LOCAL DE DOMÍNIO - O ARCO-ÍRIS


AS VARIAÇÕES DE OXUMARÉ

Corresponde ao nome  Jeje de Oxumaré, é a cobra que participou da criação. É uma qualidade benéfica, ligada à chuva, à fertilidade e à abundância; gosta de ovos e de azeite de dendê. Como tipo humano, é generoso e até esbanjador.

Dangbé É um Oxumaré mais velho que seria o pai de Dã;  o que governa os movimentos dos astros.  Menos agitado que Dã,  possui uma grande intuição e pode ser um adivinho esperto.

Becém Dono do terreiro do Bogun, veste-se de branco e leva uma espada. Becém é um nobre e generoso guerreiro, um tipo ambicioso, combativo de Oxumaré, menos afectado e menos superficial que Dã.  Aido Wedo,  também é uma qualidade de Oxumaré conhecida no Bogun.

Azaunodor É o príncipe de branco que reside no Baobá, relacionado com os antepassados; come frutas e “leva tudo de dois”.

Frekuen É o lado feminino de Oxumaré, representado pela Serpente mais venenosa. O lado masculino de Oxumaré é geralmente representado pelo Arco-Íris.

ARQUÉTIPOS DOS FILHOS DE OXUMARÉ
Os filhos de Oxumaré são enigmáticos, supersticiosos e místicos. Dificilmente se identifica com grupos religiosos convencionais. A onda hippie se encaixa perfeitamente com Oxumaré. Decididos, rompem com o passado, mesmo que sofram com isso. De tempos em tempos, mudam por completo seu universo. Os filhos do Deus-serpente são instáveis, inconstantes, pois tem a necessidade de movimentar tudo em seu cotidiano. Necessitam renovar, mudar e traçar novas diretrizes. Possuem um certo brilho no olhar e é raro os filhos de Oxumaré que não tenham o dom da vidência. Oxumaré dá dupla sexualidade a seus filhos, por isso eles quase nunca tem características só femininas ou só masculinas, tendência a homossexualidade. Desconfiados e não dão oportunidade de serem enganados por ninguém. Tranqüilo por natureza, surpreende quando se comporta de forma inovadora e excêntrica. Alguns deles manifestam sua aversão às convenções usando roupas estranhas. São muito elegantes e procuram manter atitudes com muito requinte. Adoram jóias caras e autênticas. São também cobiçosos, exigentes, apaixonados, prudentes, astutos e possessivos. Leva uma vida perigosa que o excita e os mistérios o  intrigam. Os filhos desse Orixá tem sempre um aprendizado "cármico".
"Salve o Orixá da riqueza"

29 de abr. de 2011


Omulu/Obaluaê
“Rei e o Deus da Terra”


O SENHOR DAS DOENÇAS

É o Orixá das doenças e relacionado a um arquétipo psicológico derivado de sua postura na dança. Omulu-Obaluaê esconde do mundo suas chagas, não deixa de mostrar, pelos sofrimentos implícitos em sua postura. Tendo tendência a um caráter masoquista, desajeitado, pesado, reservado e auto-destrutivo, muito forte, que tanto pode se revelar como uma grande capacidade de somatização de problemas psicológicos. Existem várias controvérsias a respeito da dualidade de Omulu-Obaluaê. Há quem refira serem dois deuses distintos, ou seja, Obaluaê-Sànpònná(Xapanã) filho de Nanã-Buruku vindo de Daomé (o leste) e o outro, Omulu-Molu filho de Nanã-Brukung vindo de Tapás, ou Nupé (o oeste). Obaluaê o Senhor da terra, classificado como o mais jovem. A ele é atribuído o instinto selvagem, devastador, curioso, guerreiro, colérico e de temperamento acirrado para guerrear e conquistar novos territórios. Omulu o Senhor do pó, classificado como o mais velho, com uma bagagem de conhecimentos, tornando-se famoso na habilidade de curar as pessoas. Sua ação na natureza é realizar a eliminação, tirando e dando fim ao que não serve mais. Omulu ceifa os doentes e os feridos sem esperança. Tudo que se coloca sob a ação de Omulu é realizado com lentidão, atraso e prudência. Xapanã (o feiticeiro) é a representação da varíola e das doenças contagiosas, sendo raramente seu nome pronunciado. É aquele que puni os malfeitores, enviando-lhes todos os tipos de doenças. Omulu-Obaluaê segundo Pierre Verger em sua obra Orixás, conta que,  houve um sincretismo entre as duas divindades vindas do leste e oeste da África, que juntaran-se e tornaram um caráter único em Kêto. Este Orixá conquistou  grande  poder e respeito dentro do candomblé, pois é capaz de afastar as epidemias e espantar a morte. No candomblé, tal interpretação pode ser por demais restrita. A marca mais forte de Omulu-Obaluaê não é o seu sofrimento, mas o convívio com ele.
Xaxará
Alguns pesquisadores supõem que o culto aos deuses daomeanos é anterior a idade do ferro, pois em certas partes da África e no Brasil não são realizados sacrifícios com o uso de instrumentos de ferro. As pessoas consagradas e este Deus usam um colar chamado Lagdibá, feito de pequenos anéis de cifre de búfalo.
Quando o Deus se manifesta em um de seus filhos, o iniciado é coberto com uma roupa feita em palha-da-costa e um capuz do mesmo material. Leva nas mãos o xaxará, uma espécie vassoura feita de folhas de palmeira e decorada com búzios. Carrega também cabaças  contendo remédios que passa nos visitantes durante a dança mítica, afastando qualquer tipo de doença.
Seu culto é cercado de mistérios e em sua dança, apresenta-se curvado para a frente, próximo ao chão, imitando o sofrimento e tremores de febre. Omulu-Obaluaê é o dono dos cauris (búzios) utilizado ao oráculo africano, embora ele não seja o dono do oráculo, que pertence a Ifá, podemos considera-lo como o patrono do jogo de búzios. É através de Obaluaê que o jogador entra em contato com as forças mais poderosas, dominando inclusive a vida e a morte, representadas na figura desse Orixá.


SÃO LÁZARO
SINCRETISMO CATÓLICO
Sincretizado com santos católicos que notabilizaram pelo trato com as doenças.
Omulu está ligado a São Roque, comemorado a 16 de Agosto. Obaluaê está ligado a São Lázaro, comemorado a 17 de Dezembro. Em alguns lugares do país, ambos podem
estar ligados a São Bento, que tem sua festa em 21 de Março. Também é muito reverenciado no dia 2 de Novembro, dia das almas, onde as pessoas o consagram com muitas velas no cemitério.
Na mitilogia romana pode-se ligar  Omulu a Saturno, o Deus que ensinou a agricultura aos homens,
e na mitologia grega ele está ligado a Cronos.

Dia da semana: segunda-feira
Cores: Branco (paz e cura), preto (absorção de conhecimento) e/ou vermelho (atividade)
Elemento: Terra
Instrumanto: Xaxará
Saudação: Atotô! (Oto, "Silêncio")



CEMITÉRIO
Omulu-Obaluaê  divide com Iansã a regência dos cemitérios, pois ele é o emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito  desencarnado. É Omulu-Obaluaê que vai mostrar o caminho e servir de guia para aquela alma. É o médico,  companheiro de Exu nas encruzilhadas, preside a morte, a destruição e a defesa contra os maus espíritos.

 AS VARIAÇÕES DE OMULU/OBALUAÊ
Afomam/Akavan: Esta variação tem uma ligação com Exu. Afomo significa contagiante, infeccioso.

Arinwarum(ouwariwaru): É um titulo de Xapanã.

Azonsu/Ajansu/Ajunsu: Este tem fundamentos com Oxalá, Oxumaré e Ogum. É ligado ao tempo, as . estações do ano e ao culto da terra.  É o verdadeiro dono do cuzcuzeiro, veste-se de vermelho, preto e branco, na perna esquerda leva uma pulseira de aço.

Azoani: É jovem, veste preto e branco. Tem caminhos com Iroko, Oxumaré, Iemanjá e Oyá.

A CURA
Arawe/Arapaná: Tem fundamento com Oyá.

Ajoji/Ajagun: Tem fundamentos com Ogum e Oxaguiã.

Avimaje/Ajiuzium: Tem fundamentos com Nanã e Ossãe.

Ahosuji/Seji: Tem ligação com Iemanjá, Oxumaré/Besén.

Afenan:  É uma qualidade mais velha, dança curvado e cavando a terra com Intoto para depositar os corpos que lhe pertencem, veste a estopa, carregando duas bolsas de onde tira as doenças. Usa as cores  amarelo e preto. Todas as plantas que são trepadeiras pertencem a ele. Tem caminhos com Oxumaré e Ewá, de quem é companheiro.

Intoto: É um Orixá cultuado em seu assentamento e não vira na cabeça de ninguém. Suas contas são o vermelho e preto. O Iyàwó é feito de Oxum ou Azoani. Da-se comida a terra. Este Orixá é Abìkú, portanto não se raspa, pois representa o fundo da terra. Come com Ewá, Oyá e Iku. Seus assentos são cultuados ao lado de Nanã e Iemanjá. 

Jagun Agbagba:  Tem fundamento com Oyá.

Jagu Jagun ou Ajagun: É jovem e guerreiro; leva na mão uma lança chamada Okó. Tem caminhos com Ogunjá, Oxaguiã, Ayrá, Exu e Oxalufã. Não come feijão preto, sendo o único que come Igbin (caracol).

Posun/Posuru:  É o mesmo do Azunsun do Gege, louvado como Possun no Keto e na Angola, tanto é Iroko como o Tempo. Come diretamente na terra, sua dança mostra claramente sua ligação com Exu e a terra, dançando com garras na mão. Tem caminho com Iroko, Intoto e Oyá.

Zavalu/Sapecó:  Tem forte fundamento com Nanã.

Soponna/Sapata/Sakpatá:  É o mais antigo e seu nome é proíbido pronunciar. Na África, quando se fala seu nome, coloca-se mel na boca. Tem fundamento nas encruzilhadas e come com Exu. Tem caminhos com Oxóssi e é o Deus da varíola e das doenças de pele. Suas contas são branca e preta.

Tetu/Etetu: É jovem e guerreiro. Come com Ogum e Ewá. Veste-se de branco, preto e vermelho.

DEBURÚ

A LIMPEZA SAGRADA
Deburú (pipoca) é a comida ritual do Orixá Omulu-Obaluaê, milho de pipoca estourada com areia da praia.


O MITO - O ISOLAMENTO
Conta a lenda que um certo dia de festa, todos os deuses estavam dançando, menos Obaluaê, que ficara timidamente na porta. Ogum, então, perguntou a Nanã: Meu irmão está lá fora, não vem dançar? Nanã respondeu que ele tinha medo de aparecer um público, devido ao estado da pele de seu corpo. Ogum, então resolveu ajudá-lo, pois não pode ver uma situação à sua frente em que alguém sofra por desrespeito ou preconceito dos outros. Ogum resolveu o problema convencendo Obaluaê a acompanha-lo até a floresta, onde teceu para ele uma roupa feita com folhas que esconderia sua aparência. Assim Obaluaê teria coragem para entrar na sala onde ocorria a festa, sem medo de ser rejeitado. Porém, a estratégia de Ogum não foi muito bem sucedida. Muita gente tinha visto Ogum sair para ir até Obaluaê antes de se reaproximar trazendo uma figura misteriosa, pois ela estaria carregada de pestes e poderia contaminar a todos. Somente Iansã, a deusa dos ventos, altiva e corajosa, concordou em acompanha-lo. Dançou com Obaluaê e, junto com eles, o turbilhão de ventos. Os ventos de Iansã levantaram as vestes dele. Então todos os presentes,  com espanto, puderam verificar que, abaixo das vestes, se escondiam o rosto e o corpo de um homem belíssimo, sem defeito algum. Em recompensa pelo gesto de Iansã, Obaluaê deu o poder a ela de reinar sobre os mortos. Mas Obaluaê sempre continua sua dança sozinho.

LOCAL DE DOMÍNIO - A TERRA
ARQUÉTIPO DOS FILHOS DE OMULU-OBALUAÊ
São pessoas muito desconfiadas, metódicas, mal-humoradas e que têm um tendência ao pessimismo. Costumam ver desgraças aonde não há. São pessoas que normalmente são desapegadas dos bens materiais. Rigorosas, introvertidas, personalidade mutável, extremistas, insatisfeitas e descontentes com  os trabalhos que realizam. São solitárias, mesmo quando estão cercadas de pessoas, continuarão sentindo-se sós. Pessoas de pouca beleza exterior, mas sua inteligência é poderosa, mas não é vibrante e intelectual. Podem atingir cargos de prestígio dentro de sua função, ma para isto terão que trabalhar seu sentimento de negativismo e senso crítico. Seus filhos têm uma memória excelente e demonstram curiosidade em relação a todos os assuntos. Não se adaptam a mudanças e costumam ser muito caseiros. Guardam ressentimentos e injúrias por muito tempo. É difícil ver um filho de Obaluaê apaixonar-se violentamente, ele gosta e até mesmo ama com moderação.

Tanto Obaluaê como Omulu são tidos como feiticeiros que castigam impiedosamente a quem desrespeita, e impingem seu castigo severo, colocando-lhes doenças. Mas também, ao verem o arrependimento do castigado, podem lhe trazer a cura através de sua benevolência, e são raras as vezes em que eles trazem o seu perdão.

"Salve o médico dos pobres"

30 de jan. de 2011


Xangô
“Orixá –Herói”

 REI DOS ORIXÁS - O JUÍZ

Orixá que domina o fogo, o raio, o trovão, a justiça, sendo também viril e da potência masculina. Autoritário e poderoso, inteligente, o grande administrador, o comerciante, atrevido, violento e extremamente justiceiro. Tem Iemanjá como mãe e três divindades como esposas: Iansã, Oxum e Obá. Ele próprio foi um rei guerreiro que conquistou reinos e enriqueceu seu povo. O seu trabalho entre os homens é cobrar de quem deve e premiar a quem merece, agindo sempre com muita sabedoria, justiça e poder. A tradicional lenda Yorubá, diz da genealogia dos Orixás, que a partir do incesto de Orungã - o ar e as alturas - espaço mimético ao de Xangô - com sua mãe Iemanjá - as águas - o que resultou uma gravidez de deuses, que foram paridos num jorrar de águas, cujo primeiro nascimento foi Exu. Ainda nessa lenda, Xangô é também filho desse casal de mitos-fundadores. Outras fontes de referenciação histórica, atribuem a origem de Xangô à união de Oranyan com Torossi - filha de Elempe, rei dos Tapa. Isso fez com que Xangô vivesse primeiro em Kosô no reino de Tapa, seguindo mais tarde para Oyó, onde se estabeleceu num bairro que recebeu o nome de Kosó. Daí um dos títulos de Xangô: OBÁ KOSSÔ.

OXÉ
O símbolo de Xangô é o "oxé", um machado de duas lâminas, tradicionalmente feito em madeira, cobre, latão dourado ou bronze. Esse símbolo é também chamado como : ferramenta de Xangô, arma de Xangô, adamaché e machado da justiça. A GAMELA - muito utilizada nas obrigações, convencionalmente de dois tipos: redonda para as comidas, no caso, o Amalá, e ovalada para os assentamentos. São feitas sempre de madeira, de preferência gameleira ou de jaqueira. Xangô ainda representa a síntese da liberdade, altivez e realeza dos dignatários africanos, além de ter o domínio e controle das forças da natureza. Para o homem africano que viveu em condição de escravo, Xangô encarnou o ideal e desejo de liberdade, juntamente com Exu e Ogum.

O MINISTÉRIO DE XANGÔ
O conselho divino de Xangô está representado por 12 Obás - sendo seis à direita e seis à esquerda - todos descendentes de Alafins. Tudo nesse tribunal divino será julgado por eles em nome do Deus do trovão. Xangô, no Brasil é aclamado como o Deus da justiça e da verdade. O número 12 equivale ao equilíbrio de Xangô. São eles:
Os ministros da direita:
Obá Abiodum
Onikoyi - rei de Ikoyi
Aresá - rei de Iresá
Onanxokum
Otaleta
Olugbon - rei de Ogbon
Os ministros da esquerda:
Arè ou Arè Onankakanfo
Otun Onikoyi - braço direito de Xangô e segunda pessoa
Otun Onanxokum
SÃO JERÔNIMO
Oji Onikoyi - braço esquerdo de Xangô
Eko
Kankafo - general de armada, chefe das tropas.

No sincretismo Católico o povo ligou Xangô a São João Batista, comemorado a 24 de junho ou a São Jerônimo, festejado em 30 de setembro, assim o Orixá tinha sua festa sem restrições dos brancos católicos. Xangô cuida de sua própria aparência com cuidado: veste-se de vermelho, usa argolas de ouro nas orelhas e no nariz, seu cabelo é comprido e ele o usa preso em uma longa trança, carregando seu machado nas mãos. Na mitologia  romana, é Júpiter, o pai e mestre dos deuses, que pode ser considerado o equivalente a Xangô. E para os gregos, ele é Zeus, o Deus supremo que também é o senhor dos trovões.





O MITO - " O REI NÃO SE ENFORCOU"
Conta-se que quando Xangô teve dificuldade para se manter no trono de Oyó, ele voltou-se para a terra dos Tapa e, vendo-se abandonado por todos, ele enforcou-se numa árvore de obí. Seus inimigos proclamaram "Obaso" - "O rei enforcou-se". Seus partidários negaram este fato e gritaram "Oba Kò Sô", ateavam fogo nas casas dos detratores de Xangô, nas noites de tempestades, para confirmar a reputação do Deus do trovão. Alusão feita a Xangô que, quando irado, ateava fogo pelas narinas, para punir os infratores ( texto extraído do livro de Pierre Verger - Os Orixás) - segundo a lenda é por isso que Xangô tem aversão à morte e aos eguns (mortos).

LOCAL DE DOMÍNIO - RAIOS E TROVÕES
AS PEDREIRAS

XANGÔ E SUAS ESPOSAS - IANSÂ - OXUM - OBÁ
Dia da semana: quarta-feira
Cores: vermelho é o fogo e o sangue, significando purificação e fertilidade. Branco (paz) e o marrom na Umbanda ( ativa o chacra sexual e a terra, no sentido de  manter os pés no chão).
Elemento: Terra (pedras)
Instrumento:  Oxé ( machado)
Saudação: "Kaô Kabyesilê" ("Venham ver nascer sobre o chão")
AS ESPOSAS DE XANGÔ
No reino de Oyó, ficavam as três esposas do Orixá, a sua espera, cada vez que ele saia para guerrear. Quando voltava, Xangô comemorava com elas suas conquistas com grandes festas, regadas a vinho de palma. Iansã era esposa de Ogum e foi seduzida por Xangô. Oxum vivia com Oxóssi e tambèm foi seduzida pelo Orixá. Obá apesar de ser uma deusa mais velha, também foi esposa de Xangô. As cerimonias para Xangô, na África, duram cinco, nove ou 17 dias. Sua importância no Brasil é grande, que chegou a originar cultos específicos em Pernambuco e em outros estados Nordestinos.

AS VARIAÇÕES DE XANGÔ
Afonjá  -  Era também Arè-Onankakanfo, quer dizer líder do exército do império. Segundo a história de Oyó, no início do século dezenove, Oyó era governada pelo rei Aolé, ele possuía aliados que eram como Generais, que lhe davam todo o tipo de apoio mantendo assim o poder absoluto sobre o Reino Yorubá e os reinos anexados. Mas um dia um desses generais resolveu se rebelar contra Oyó e se unir com os inimigos, esse general se chamava Afonjá que era conhecido como Kakanfo de Ilorin. Declarou-se independente de Oyó. Com isso o Rei de Oyó Aolé se envenenou para não ver o desmembramento do Império. Afonjá traiu o Império Yorubá, mas quando os rebeldes assumiram o poder Afonjá foi decaptado pelo seu novo aliado. Este alegou que se um homem traiu seu antigo rei ele voltaria  trair tantos outros. 

Obá Kossô - Título que Xangô recebe ao fundar a cidade de Kossô nos arredores de Oyó, tornando-se  Rei. Título dado também a Aganjú, irmão gêmeo de Xangô quando sua chegada em Oyó foi aclamado como o Rei Não se Enforcou, Obá Kò Sô. 

Obá Lubê - Título de Xangô que faz referência a todo o seu poder e riqueza, pode ser traduzido como Senhor Abastado.

 Obá Irù ou Barù - Título dado a Xangô logo após chegar ao apogeu do império, quando cria o culto de Egungun, é aclamado como a forma humana do Deus primordial Jakutá sobre a terra, senhor dos raios, tempestades, do Sol e do fogo em todas as suas formas. Ele acaba por destruir a capital do Reino numa crise de cólera e depois arrependido, se suicida , adentrando na terra. 


Dada Ajaká
Obá Ajakà - Também intitulado Bayaniym," O pai me escolheu ", que faz referência a ele por ser o filho mais velho de Oranyan, e ter por direito que assumir o trono, irmão mais velho de Xangô.

 Obá Aganjù -  representa tudo que é explosivo, que não tem controle, ele é a personificação dos Vulcões.

.Obá Orungã - Filho de Aganjú Solá e Iemanjá, Orungã é dono da atmosfera é o ar que respiramos, dono da camada que protege a Terra.  

Obá Ogodô - Muito falado também, é apenas o que se diz sobre Xangô, pois, Ogodô é o verbo bocejar. Então, quando está trovejando, o que se diz é que Xangô está bocejando. Dai Xangô Ogodô, é apenas um título de Xangô. 

Jakutà ou Djakutà -  é a representação da justiça e da ira de Olorun, míticamente Xangô foi iniciado para este Orixá sendo considerado como a forma divina primordial do mesmo. Ele foi enviado em sua forma divina por Olorun para estabelecer a ordem e submeter Oduduá e Oxalá aos planos da criação durante um momento de conflito entre as divindades. É o próprio Xangô. 

Obá Arainã - Oroinã e Oraniã - Personificação do fogo, o magma do centro da terra é o pai de Xangô e de Aganjú em sua forma humana. 

Olookê - Orixá dono das montanhas, em algumas lendas é um dos filhos de Oranyan foi casado com Yemanjá.
  
CABOCLOS JUSTICEIROS DE XANGÔ
Estes são alguns trabalhadores a serviço da justiça divina - Linha de Xangô
Caboclo Araúna
Caboclo do Sol




















Caboclo Cobra Coral
 ARQUÉTIPO DOS FILHOS DE XANGÔ
Os filhos de Xangô são pessoas que nasceram para triunfar. Possuem um temperamento enérgico, são voluntariosos, orgulhosos, altivos, excelentes administradores, políticos, vaidosos e sabem de sua real importância no mundo. Não admitem ser contrariados e ao serem-no são extremamente coléricos. São bons comerciantes, não suportam o fracasso, por isso lutam com todas as armas para não perderem suas posições, cargos ou negócios. Na vida social, são elegantes e de gosto refinados, sedutores  e de um talento único para conquistar o sexo oposto. Os filhos de Xangô têm um elevado sentimento de amor ao próximo, são dignos de confiança, mas não deixam de ser severos, quando necessário. Não conseguem controlar o excesso de gênio violento. Dentro da vida espiritual, tornam-se ótimos e dedicados sacerdotes, seja qual for o caminho religioso.

Xangô é "aquele que se destaca pela força e revela seus segredos"  

"Salve o Rei".

9 de ago. de 2010

Oxóssi
“O Rei de Kêtu”
O GRANDE CAÇADOR

Oxóssi é filho de Oxalá e Iemanjá, irmão de Ogum e Exu. Seu nome significa OXÓ: "caçador", OSSI: "noturno". Tradicionalmente, é associado à Lua, por ser a noite, seu melhor momento para a caça. É um guerreiro solitário e sua maior responsabilidade em relação ao mundo é de proteger e garantir a vida dos animais, que somente são sacrificados por uma necessidade de alimentação. Tudo que nasce sobre a terra pertence  a Oxóssi, exceto as plantas tóxicas e venenosas, que segundo a tradição, diz terem sido plantadas por Exu. Ele é um vencedor, traz para  seu povo a sobre vivência, a abundância, a cura das doenças pela natureza, a saúde plena. Como caçador, Oxóssi porta um arco e uma flecha, geralmente de ferro, e o erukerê (rabo de cavalo usado só pelos reis), está ligado às alterações mentais e físicas, Oxóssi é o constante movimento da natureza e está sempre em evolução, orixá cavaleiro, rei, herói, senhor de um dos seis reinos formadores da federação YORUBÁ, constituída por Alaka, Onila, Onibini, Onisabe, Oió e Kêtu, terra de Oxóssi. É um Orixá que cultua o próprio individualismo, com uma determinação sem igual para qualquer combate, considerado um dos mais belos Orixás e amante da natureza.

SÃO SEBASTIÃO
O   Culto à Oxóssi é muito difundido no Brasil e pouco lembrado na Nigéria, sendo basicamente cultuado na cidade de Kêtu (terra dos panos vermelhos), onde foi consagrado como rei. Ele é um Orixá que envolve-se muito nas emoções e transforma-se através delas. Tem o dom da comunicação, por isso suas mudanças são discutidas e analisadas a um nível consciente, Oxóssi tenta ser coerente com seus sentimentos, pois vive às dúvidas emocionais muito mais que as indecisões materias. Lembrando que no mito Oxóssi apaixona-se e vai atrás de seu amor para conseguir vivê-lo. Ele roubou Oxum de Ogum e mais tarde abriu mão de tudo para ir viver com Ossãe nas matas. No sincretismo é  associado à São Jorge na Bahia, sendo festejado no dia 23 de Abril, no Rio de Janeiro e São Paulo, ele é São Sebastião, que é festejado no dia 20 de Janeiro. Pode-se estabelecer Oxósse ao Jovem Mercúrio da mitologia romana, o Deus do comércio, dos ladrões, bem como o seu correspondente grego Hermes. Ambos representam o movimento, as mudanças e tudo que é novo e vibrante.

O MITO - "O CAÇADOR DE UMA SÓ FLECHA"

ERUKÊRE- ARCO E  FLECHA
O rei Olofim resolveu dar uma festa para o seu povo em comemoração à colheita que havia sido farta. Seria servido Inhame e vinho de palma à vontade. Foi quando o Pássaro do Medo chegou e ameaçou a todos. Olofim chamou então, seus três melhores guerreiros para matar o grande pássaro. Vieram Oxotoji, com 20 flechas; Oxotodi, com 50 flechas e Oxotodá, com 40 flechas. Todas as flechas foram disparadas pelos  atiradores, mas nenhum deles consegui atingir o pássaro. Havia um jovem guerreiro corajoso Oxotocam-giu na aldeia que só tinha uma única flecha, com muita confiança em si mesmo, pediu humildemente ao rei  que lhe desse a oportunidade de atirar e matar o pássaro ameaçador. As mulheres pássaros sabiam que o jovem tinha poderes especiais e vêm proteger o Pássaro do Medo, cobrindo seu peito com seus próprios corpos, fazendo assim com que a flecha volte para matar seu atirador. A mãe de Oxotocam aflita com seu filho, pede a Oxalá que o proteja. O jovem está entre a morte e a felicidade, por isso ela pede  que Oxalá transforme a morte em felicidade. Ela sacrificou uma galinha, abrindo o seu peito e colocando no meio da estrada, acreditando que o peito do pássaro receberia o que era merecido. Oxotocam no mesmo instante atirou  sua flecha e matou o grande pássaro ameaçador. Desde esse dia ele foi transformado em herói e passou a se chamar Oxóssi.                             

Dia da semana - Quinta-feira
Cor - azul-turquesa (afasta a tristeza e atrai o dinheiro), em algumas nações e na Umbanda sua cor é o verde
Elemento - ar e terra
Instrumento - Arco e flecha
Saudação - "O Kiarô" - ("bom dia", em Yorubá)

LOCAL DE DOMÍNIO - AS MATAS
OS CABOCLOS - GUERREIROS DE OXÓSSI

O Caboclo é o arquétipo da valentia e coragem, sobrevive na memória popular, tradicionalmente apresentando-se como aquele que veio para defender, lutar e vencer. A história nos focaliza o Caboclo como sinonimo do indígena, isso ocorrendo até o fim do século XVIII. Quanto ao termo Caboclo, hipóteses e discussões ainda são mantidas, não se sabendo, ao certo, se a sua origem é africana ou indígena. Dentro do Culto, as cerimonias são realizadas com oferendas de frutos e comidas nas matas. São grandes realizadores de curas através da medicina mágica, banhos, defumações, pós e outros preparados. Os Caboclos de acordo com sua origem (linha), nação (tribo), devem realizar atos pertinentes às suas características de grupo, ou sejam: Os Caboclos de Pena - geralmente dançam como se estivessem com o arco e a flecha; são ditos mais livres, desempenhando seus trabalhos nas matas.
Os Caboclos capangueiros  e boiadeiros - apresentam-se tangendo suas boiadas, e expressam alguns aboios utilizando termos próprios dos vaqueiros. Esses caboclos são conhecidos por sua valentia e adestramento em conduzir seus animais. Eles apresentam-se trajando uma roupa de couro, levam um chicote e o laço. Esses tipos distintos de Caboclos são encarados nas práticas dos terreiros como os enviados das Leis de Deus, prontos a praticar o bem e desempenharem o papel de conselheiros e curandeiros, além de encaminhar  a vida de seus seguidores. O culto aos Orixás é desenvolvido, havendo correlacionamento entre as divindades africanas e os Caboclos, que ocupam, na mitologia brasileira o papel de divindades auxiliares, não possuindo nenhum status de um Deus.
Caboclo Ventania
As linhas de trabalho de Oxossi:
Caboclo Urubatã
Caboclo Araribóia
Caboclo das 7 Encruzilhadas - fundador da Umbanda
Caboclo Águia Branca - Peles Vermelhas
Caboclo Tamoios - chefiados por Graúna
Caboclos Guaranis - chefiados por Araúna
Cabocla Jurema - linha feminina de Oxóssi

Caboclo Pena Branca

















Caboclo Pena Azul

O ARQUÉTIPO DOS FILHOS DE OXÓSSI
Os filhos de Oxóssi apresentam características que são facilmente percebidas,  são alegres, extrovertidos, possuem fisicamente um corpo elegante, bonitos e não são robustos. São pessoas de um raciocínio rápido, mudam de idéia com facilidade, por isso, tudo que  se propõe a fazer, nem sempre termina. Tem um temperamento mutável, generosos, hospitaleiros e muito fiéis nas amizades. Com uma veia artística apurada, estão sempre a procura de grandes aventuras, adoram coisas novas. São também perseverantes em seus objetivos, tem muita sorte, terá muito sucesso no profissional, tanto como se estiver no comando ou se for comandado. Adoram as mudanças em aspecto geral. Tímidos nas questões sentimentais, não se prendem a nada e nem a ninguém. No campo sentimental, são instáveis até encontrar o par perfeito, possuem uma certa insegurança no amor, justamente por apreciarem a liberdade. Em nível espiritual são pessoas dispostas a eliminar seus defeitos, tais como o orgulho, a preguiça e a teimosia. Oxóssi  tem como dever, dar o alimento à todos os seus filhos, pois é considerado o Orixá da fartura." Salve o grande caçador "

AS VARIAÇÕES DE OXÓSSI
Ybualama - É  velho e caçador, conta o mito que apaixonado por Oxum, se atirou nas águas profundas do rio ao encontro do  seu amor. O verdadeiro pai de Logum Edé. Sua vestimenta é azul celeste, assim como suas contas, usa um capacete e um saiote feitos de palha da costa.
Inlê - Filho querido de Oxaguiã e Iemanja. Ele veste-se de branco para homenagear seu pai, usa um chapéu de plumas brancas e azul claro. Esse Oxóssi tem fundamento com Ogunjá.
Otyn
Dana Dana - Ele é um Orixá que entra na mata da morte sem temer  Egun e a própria morte, pois tem fundamento com Exu, Oyá, Oxumarê e Ossãe. Veste-se também de azul claro.
Akuereran - É o dono da fartura, veste-se de azul claro e tiras vermelhas. Mora nas profundezas das matas, tendo fundamento com Oxumarê e Ossãe, suas contas também são azul claro.
Otyn - É um Oxóssi guerreiro e muito parecido com seu irmão Ogum, tem um temperamento forte e muito valente, está sempre pronto para lutar quando provocado, não leva desaforos. Usa roupas de couro de leopardo e bode, veste as cores azul claro e vermelho, suas contas são azul e leva capangas.
Mutalambo - Tem fundamento com Exu.
Gongobila - É um Oxóssi jovem, tendo fundamento com Oxalá e Oxum.
Koifé - Não é cultuado no Brasil e na Africa, pois seus fundamentos estão extintos. Seus eleitos ficam durante um ano recolhidos tomando banho de folhas todos os dias, veste-se de vermelho, usa nas mãos uma espada e uma lança. Vive sozinho escondido das matas, come com Ossãe, usa um capacete que lhe cobre todo o rosto,  capangas e braceletes, suas contas são azul claro.
Arolé - É um dos mais belos tipo de Oxóssi, propicia uma caça abundante. O verdadeiro rei de Kêtu, é um Orixá que vive se apreciando nas águas, por sua beleza, é ágil na arte de caçar e veste azul claro.
Karé - É um bom caçador e mora perto das fontes, gosta de se pentear, de perfume e de acarajé. Usa azul e um Banté dourado. Está ligado as águas de Oxum, mas não se da muito bem com ela, pois ambos exercem as mesmas forças.
Wawa - Está extinto, vem da origem dos Orixás caçadores, Veste-se de azul e branco, usa arco e flecha e os chifres de touro selvagem. Ele fez sua morada debaixo de uma gameleira, come com Xangô e Oxalá.
Walè - É um Oxóssi velho e considerado como o rei na África, é muito severo e austero, solteirão, pois não gosta das mulheres, para ele elas são chatas, falam demais, vaidosas e fracas. Usa contas azuis escuro.
Yoseewe ou Ygbo - É o senhor das florestas, ligado a Ossãe com quem vive nas matas. Veste azul claro e usa capacete quase tampando seu rosto.
Tafà Tafà - É  predicado que se diz de Oxóssi, é um caçador arqueiro, aquele que é atirador de flechas.
Otokán sósó - Não é uma qualidade, mas é um "oríkì" que significa, o caçador de uma flecha só, um Oxóssi citado na Lenda do Pássaro do Medo.

"Salve o Rei de Keto"